O Brasil que eu quero
Há 7 anos
Direito, Sociedade e Política
“A nomeação dos presidentes e outros funcionários administrativos, e o que é mais, dos juízes, é unicamente considerada pelo lado político. Os que pertencem à mesma parcialidade acham-na sempre excelente. Os adversários políticos, sempre péssima.”“Não há, sobretudo agora, verdadeiro espírito público. As antigas bandeiras quase que desapareceram. Preponderam as paixões e os interesses na maior parte dos lugares. Não se luta por princípios claros e definidos. Luta-se por pessoas, por posições, influência e para granjear patronos que obtenham favores. ‘Bonum publicum simulantes’, como diz Salústio, ‘pro sua quisque potentia certabant’ [Fingindo buscar o bem público, cada um luta por seu próprio poder].”(veja em outras postagens o ano de publicação deste texto do Visconde do Uruguai)
“Nos países que não possuem instituições semelhantes, completa e praticamente desenvolvidas, cada mudança de ministério e de administradores, como são os nossos presidentes, traz uma inversão às vezes completa não só no pessoal administrativo, como no modo de encarar e decidir as questões administrativas. O administrador que começava a tomar pé nos negócios da província é mudado, leva consigo o que a custo aprendeu, e aí vem outro, o qual, apenas concluídas as primeiras apalpadelas, é também mudado. ‘Et sic de coeteris’ (=o mesmo sucede com os outros). É assim que somos administrados! A cada mudança tudo fica suspenso, posto em dúvida, para começar a ser examinado de novo, com grande desânimo, desespero e prejuízo das partes. Assim todos os grandes interesses a cargo da administração estão sujeitos a uma constante instabilidade, e a administração torna-se, como tem sido entre nós, uma verdadeira teia de Penélope.”
“A circunstância, aliás inevitável, de se achar o poder administrativo, pelo menos o geral, reunido ao político e governamental nas mesmas mãos, as do poder Executivo, traz com efeito o continuado perigo da invasão dos interesses políticos na administração. A tentação é frequente e frequentemente os governos sacrificam considerações e vistas administrativas importantes a conveniências pessoais e políticas passageiras. A administração torna-se o vasto campo dos favores e o meio de procurar e firmar apoio político, às vezes momentâneo, com grande prejuízo dos serviços administrativos, e às vezes com grande desmoralização.”“A responsabilidade ministerial, que pode ser um freio quando se trata da grandes princípios e de grandes interesses políticos, é ilusória por negócios meramente administrativos, mormente quando só dizem respeito a direitos de indivíduos. Qual é a maioria parlamentar que, por questões dessas, se presta a sacrificar um ministério que sustenta, a dar razão aos seus adversários, e lugar a que suba a oposição?”“Assim, os desvios administrativos, a ofensa a direitos em questões administrativas não têm corretivo eficaz, suficiente e real na responsabilidade dos ministros, principalmente quando a injustiça recai sobre indivíduo que não tem importância política.”