Conheço gente com problemas sérios de perseguição. Mas conheço outros que se sentem perseguidos, mas dentro da normalidade. Petrônio é um deles.
Vivia se queixando, porque sempre tinha alguém querendo prejudicá-lo. Dizia que isto se devia ao fato de ele ser muito exigente com com os outros e todos tentavam se vingar. Dizia também que sofria retaliações, por efeito da inveja que sentiam dele.
Mas Petrônio não era cético, pois com um bom argumento, cheio de objetividade, se convencia. Um dia percebeu que um dos casos de perseguição que mais o atormentavam, na verdade era produto de um vício coletivo, produto da tendência que têm as pessoas em pensar mais no seu interesse do que no dos outros. E que outras pessoas, além dele, eram vítimas desta tendência, sem que os ofensores sequer soubessem da existência de Petrônio.
A constatação não foi uma alegria para Petrônio: deprimiu-se, viu que era um grão de areia no universo e que as pessoas não viviam prestando atenção nele e tentando aborrecê-lo. Ela era só mais um, sofrendo as consequências de uma prática antiga e comum às pessoas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário