quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Chegada nos EUA

Depois dos atentados de 11 de Setembro de 2001, cresceram as restrições para entrada nos EUA. Assim, mesmo quem vai lá só para passear, fica sempre receoso de ver restringida sua entrada no país. Mas, nas duas vezes em que fui lá, o temor me pareceu infundado.
Chega-se no aeroporto e, depois de percorrer diversos corredores, entra-se na ampla sala da imigração. Pela quantidade de pessoas que chegam, imagina-se que horas e horas a fio se passarão antes que o visitante seja liberado. Mas a primeira coisa que se descobre é que o estadunidense odeia filas e as combate incessantemente. Assim, se há guichês para cidadãos estadunidenses e para visitantes, o que for desocupado primeiro passará a atender o que tem filas.
Mal a fila se forma, surge um "destruidor de filas", que redistribui as pessoas pelos guichês vagos. Deve-se prestar a atenção para onde a gente é mandado, pois isso significa ganhar preciosos minutos.
Nunca tinha visto esta obsessão em atender rápido e debelar filas já na entrada no país (enfrentei filas para entrar no Chile, na Argentina, em Portugal e no Brasil). Depois percebi que, nos EUA, tanto em lugares públicos quanto em lugares privados, as filas são algo a destruir, a organizar: mal se forma uma fila, já aparece alguém para redirecionar as pessoas, seja deixando só os que vão comprar o ingresso (caso da subida ao Empire State), seja formando outras filas, tudo para diminuir o tempo gasto numa espera que pode ser evitada. Percebe-se, então, que lá todos sabem muito bem quanto vale o tempo e que é impossível recuperar o tempo perdido; se sabe, muito bem (em resumo) que tempo é dinheiro.
Em 2006, em Nova Iorque, mal a enorme fila da imigração se formou e logo apareceu alguém redistribuindo os recém-chegados. Fui mandado para o guichê 39 (quem entendeu a ordem foi minha esposa). Em 2009, em Maiami, logo apareceu, na imigração, alguém organizando a fila, de modo que rapidamente fomos atendidos.
Os funcionários do Governo dos EUA que trabalham no atendimento ao público estão sempre uniformizados (não é terno e gravata, mas um uniforme bem conservado, limpo e bonito). Num filme feito nos EUA, certa vez, vi alguém dizer que, quem representa o Estado, deve estar bem arrumado, pois a impressão que se terá dele é a impressão que ficará do Estado que ele representa.
No guichê o visto é conferido pelo funcionário, que o revisa numa máquina. Já na saída do Brasil, a empresa aérea havia pedido o endereço em que ficaríamos nos EUA (mesmo que seja o endereço do hotel), de modo que tal informação não é solicitada quando se entra no país. O funcionário pergunta quanto tempo ficaremos e o que fomos fazer lá (metade eu entendo e metade minha esposa entende e, após juntarmos as 2 traduções, respondemos). Nos fotografa e colhe a impressão digital (isto foi feito nas duas vezes em que entrei nos EUA, o que demonstra que, ou as arquivos foram destruídos ou foram atualizados). E coloca o tempo em que poderemos ficar lá: nas duas vezes, fui autorizado a ficar 6 meses (não eram estes os meus planos, porque tenho minhas obrigações profissionais aqui, de modo que voltei em muito menos tempo). Enfim, se o fulano está "com tudo em cima", não será importunado e será bem recebido. Os critérios de análise, a julgar pela minha experiência, são bastante objetivos (ou seja, se a pessoa preenche requisitos previamente estabelecidos, terá a solução previamente estabelecida). Se fossem critérios subjetivos, tudo dependeria do que o funcioário iria decidir, conforme seu humor e conforme a impressão que o visitante lhe causasse.
Na primeira vez que fui aos EUA, mal eu saía do guichê e um funcionário gritou, em inglês:
- "Alguém sabe falar português?"
Pensei: se ele viu meu passaporte brasileiro, sabe que eu falo português e se eu ficar quieto, posso ser acusado de omissão. Apresentei-me e virei tradutor, apesar de meu inglês ser péssimo. Felizmente, mal comecei a atuar como tradutor, o filho da pessoa da qual eu virei intérprete apareceu e me livrou do impasse.

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