domingo, 26 de julho de 2009

Vida e Arte

Um dia, em Nova Iorque, vi um policial entrar rapidamente numa lanchonete, pegar um lanche, receber um chamado pelo rádio e sair correndo. Igualzinho aos filmes. Aquela situação me fez crer que os estadunidenses procuram pesquisar a realidade ao fazerem filmes, para retratá-la na arte, até para dar verossimilhança à ficção.
Nas novelas e filmes brasileiros, parece que, em nome da liberdade de criação, estiliza-se a realidade. Pelo menos a realidade jurídica, que é a que eu conheço.
Raramento vejo uma cena, num filme ou novela que envolva Juízes, Promotores, Polícia, em que não haja um erro crasso em relação ao que é mostrado e o que acontece no mundo real.
No filme "Meu Nome Não é Johny", por exemplo, a Juíza faz a sentença em casa e consulta um livro velho. Não é o que acontece. Um bom juiz, um bom promotor, trabalham no fórum, pois têm a obrigação legal de cumprir o expediente forense (isto consta do art. 35 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional e do art. 237 da Lei Orgânica do Ministério Público da União). Livros velhos são pouco usados, pois estão desatualizados com a legislação.
Na novela "Coração de Estudante", o Promotor de Justiça se dizia um auxiliar do Juiz, um equivalente de bandeirinha de jogo de futebol, como o personagem se definiu. Isto está totalmente fora da relidade, pois o Ministério Público é parte, ou seja, propõe ações e pode, inclusive, processar Juízes que não cumpram com seus deveres.
Na novela Páginas da Vida, uma Procuradora da República (vivida por Renata Sorrah) tinha uma assessora que a acompanhava em casa, no trabalho etc. Um Procurador que leva sua assessoria a tiracolo, trabalhando em sua casa, está sujeito a responder, pelo menos, por ato de improbidade.

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