A bandeira do Brasil é um símbolo nacional. A palavra “símbolo” significa “aquilo que une (daí “sinfonia”, “sinopse”, “síntese” etc). E o antônimo da palavra símbolo é “diábolo”, ou seja, aquilo que separa (daí vindo a palavra “diabo”).
A bandeira do Brasil não só é um símbolo do presente, mas traz a história do país:
Segundo a tradição, o emblema dos lusitanos era um dragão verde, aplicado sobre um pano branco. Isto ocorreu nos séculos I e II a.C.
O estandarte do Condado Portucalense (ano de 1097) era um quadrado branco com uma cruz azul sobreposta. A cor azul estava na Bandeira do Reino de Portugal, de 1139 a 1385: escudos azuis tinham, em seu interior, círculos brancos.
De 1332 ou 1385 até 1651, a bandeira de Portugal era a cruz vermelha da Ordem de Cristo sobre um pano branco.
Os escudos azuis e/ou a cor azul voltam a aparecer nas seguintes bandeiras: Real Portuguesa (1500-1521), de D. João III (1521-1616), do Domínio Espanhol (1616-1640), do Brasil Holandês (1610-1654), da restauração portuguesa (1645), Real do Século XVII, do Principado do Brasil (1645-1816), nas bandeiras de Dom Pedro II de Portugal (regência e de 1683 a 1706), na bandeira de Dom João V (1706-1750), na do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve (1816-1821), na bandeira do Império (1822-1889) e na atual. A esfera azul, dividida por uma faixa branca apareceu, pela primeira vez, na Bandeira do Principado do Brasil (1645-1816), mas a esfera armilar dourada que havia na bandeira do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve (1816-1821) já tinha, em seu interior, uma esfera azul. Esta esfera armilar de ouro em campo azul simbolizava o reino do Brasil, segundo o art. 1º do Decreto Real que criou o Reino Unido Brasil, Portugal e Algarve. E a bandeira do Império tinha um círculo azul, sobre o qual estavam 20 estrelas simbolizando as 20 províncias. LUZ informa que a esfera azul com uma faixa atravessada é um velho emblema usado pelos antigos romanos como símbolo de soberania. A igreja católica também a adotou, dando-lhe uma aplicação ritual. No nosso primeiro pavilhão privativo – a Bandeira do Principado do Brasil – uma esfera armilar era carregada por uma esfera menor em azul, atravessada por uma faixa branca em curva. Esta mesma figura ornou as coroas dos reis de Portugal e as dos imperadores do Brasil, sempre na cor azul e sempre cingida de branco.
A cor amarela surge pela primeira vez na Bandeira do Reino de Portugal e Algarve e simboliza o Reino de Castela, já que Dom Afonso III se casara com a filha de Dom Fernando II, rei de Castela. Esta cor é mantida nas seguintes bandeiras: Dom João I (1385), Real Portuguesa (1500-1521), pessoal de Dom Manoel I (1495), de D. João III (1521-1616), do Domínio Espanhol (1616-1640), do Brasil Holandês (1610-1654), da restauração portuguesa (1645), Real do Século XVII, do Principado do Brasil (1645-1816), nas bandeiras de Dom Pedro II de Portugal (1683 a 1706), na do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve (1816-1821), na bandeira do Império (1822-1889) e na atual.
A cor branca esteve presente em todas as bandeiras de Portugal e do Brasil.
A cor verde apareceu, como se viu acima, entre os lusitanos, nos séculos I e II a.C.. Reaparece na bandeira de Dom João I, em 1385, na forma de cruz florenciada. O verde, na bandeira de Dom João I, era uma referência à Ordem de Avis, da qual Dom João era Mestre. Segue-se um período de bandeiras sem a cor verde, que volta na bandeira do Domínio Espanhol (1616-1640). O verde, agora novamente alusivo à Ordem de Avis, volta na bandeira de Dom Pedro II de Portugal (1683 a 1706), mas desaparece e só retorna na bandeira do Império do Brasil, de 1822. A bandeira do Império foi desenhada pelo francês Debret e o losango amarelo (atribuído à Casa de Lorena-Habsburgo, à qual pertencia Dona Leopoldina, mas que também poderia ser alusivo ao Reino de Castela, ao qual pertenceu Portugal) sobre o fundo verde (simbolizando a Casa de Bragança, de Dom Pedro I)(1) permaneceu até hoje. Permaneceu em termos, pois, como alerta LUZ, agora, já não se dizia que o losango amarelo deveria ser inscrito num retângulo verde, e sim colocado num campo verde. É assim que a nova bandeira republicana figura no Anexo I do Decreto nº 4, de 1889: com um losango amarelo solto dentro de um retângulo verde, "sem tocar os lados deste”. Esta simbologia de que o amarelo representa a Casa de Habsburgo (Dona Leopoldina) e o verde representa a Casa de Bragança (Dom Pedro I) é aceita pela família imperial brasileira .
1 - Os dados históricos sobre as diversas bandeiras de Portugal e Brasil foram retirados das obras RIBEIRO, João Guilherme C. Bandeiras que contam histórias. Rio de Janeiro, Zit Gráfica e Editora, 2003, pp. 23-91 e LUZ, Milton. A História dos Símbolos Nacionais. Brasília, Senado Federal, Secretaria Especial de Editoração e Publicações, 1999, pp. 29-30, 47, 59-60.
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