quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Vitrô de Natal


Hoje, dia 1º de dezembro, lembro dos vitrôs que meu pai fazia. Não sei se hoje ainda se faz vitrô no natal, mas, na década de 1960 muita gente fazia. Lembro, pelo menos, de meu primo Álvaro e de minha prima Mayta (pronuncia-se "Maíta"). Em geral, este tipo de vitrô é feito na janela. É uma pintura no vidro. Ou pode ser uma colagem de vidros coloridos. Também é chamado "vitral".
Os vitrais que meu pai fazia (ele os chamava "vitrôs") eram temporários. Por isso eram desenhados e depois coloridos com papel. Havia quem pintasse o vidro com tinta colorida. O desenho de meu pai era feito com tinta. Pegava uma tinta marrom e fazia o desenho no vidro. Como tudo era feito pelo lado de dentro, era como desenhar no negativo.
Depois se preenchia o desenho com papel celofane e de seda. Tudo era colado com uma goma de araruta. Feito o desenho, eram definidas as cores de cada detalhe ou de cada componente. E se recortava o papel de seda na forma do desenho, colando-o no vidro. Digamos que o tema do vitral fosse uma vela vermelha, com galhos de pinheiro e bolas de natal vermelhas, azuis, amarelas e brancas. Feito o desenho, se recortava uma tira de papel de seda vermelho, colando-a em cima do desenho da vela. A chama era um papel celofane amarelo. Depois se recortava um papel de seda verde, em forma de ramos de pinheiro, colando-o sobre o desenho de pinheiro. Círculos de papel vermelho, azul, amarelo e branco seriam colados em cima das bolas de natal desenhadas. À noite, a luz da casa acesa produzia um efeito muito bonito.
Quando meu tio Dide vinha de Brasília, ele sempre "dava" uma mão nos desenhos. Meu pai tinha dificuldade em desenhar figuras humanas e seus vitrôs nunca tinham gente. Se aparecia alguma pessoa no desenho do vitrô, era porque Dide tinha ajudado. Estes vitrôs era obras de arte muito bonitas, mas só duravam um mês.
O dia de fazer o vitrô se passava com a gente ajudando o pai a fazer o vitrô. Em geral era o primeiro sábado de dezembro.
Uma outra diversão era ver os vitrôs que os parentes faziam e andar pela cidade vendo os das outras pessoas.
Depois do dia 6 de janeiro se desmanchavam os enfeites de natal e o vitrô, agora sob o comando de minha mãe. Raspar o papel colado, tirar a tinta e limpar a janela era uma tarefa trabalhosa e que consumia um dia inteiro.

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