sábado, 11 de dezembro de 2010

A Cidade no Natal


Nem sempre é possível termos uma vida pacata junto com desenvolvimento e a riqueza. Edifícios, empreendimentos comerciais, mais gente andando na rua são um preço que o desenvolvimento e o enriquecimento nos cobram.
As cidades, hoje, no Natal, são muito mais iluminadas, muito mais feéricas e muito mais agitadas. Mas há lembranças que o tempo torna mais agradáveis ou a juventude do corpo e da mente lhes dá mais colorido e emoção.
Não lembro hoje o que é mera imaginação ou realidade em se tratando de uma voltinha de carro que dei, junto com meu tio e meus irmãos, em meados da década de 1960, em Itajaí. Talvez, por eu ser criança, tudo parecesse mais bonito.
O carro andava pelas ruas da cidade, todas calçadas com paralelepípedo. Refiro-me às ruas do pequeno centro, pois eram comuns, na Itajaí de 1960, ruas sem qualquer pavimentação. O asfalto ainda não tinha chegado nas ruas da cidade. Somente umas três ou quatro ruas tinham lojas comerciais, que eram ornamentadas. No mais, as casas eram enfeitadas, muito enfeitadas. Pinheirinhos e outros tipos de árvore ficavam carregados de luzes coloridas, casas ostentavam guirlandas e janelas eram decoradas com vitrôs.
Havia quem fizesse mais do que vitrôs e pinheiros iluminados: montavam belíssimos arranjos, que eram fixados nas paredes, sacadas e outros nichos das casas.
O passeio, feito durante o lusco-fusco, permitia uma visão mais detalhada de tudo, pois alguma luz do dia deixava ver as casas (recentemente lavadas ou repintadas para o Natal) e esta mesma pouca luz permita perceber os efeitos da iluminação ornamental.
Havia, porém, outro encanto: o trânsito, ou a ausência de trânsito. O carro trafegava sem paradas além daquelas nos cruzamentos. Sabia-se qual era a preferencial por um costume segundo o qual eram tais as ruas paralelas ao rio. Nunca tive certeza se este costume efetivamente era arraigado, pois só ouvi relatos de meu irmão, que nunca mais falou no assunto, lá se vão 40 anos.
Enfim, era tudo muito bonito e agradável de ver. Mas tudo pode ter sido ampliado pelo tempo, pela saudade e pela perspectiva infantil...

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