Percebi que suava muito nos pés quando, no inverno, mesmo usando meias de lã, meus pés ficavam gelados. Não bastasse isso, eu sempre estava com micoses, frieiras, enfim, problemas dermatológicos decorrentes da umidade e do calor, somados a uma compleição física não apropriada para sapatos fechados, tudo numa região quente e úmida, num período do ano, e fria e úmida noutro perído. Como, na época, minha vida era só acadêmica (aluno de Mestrado e Professor como profissão), pude voltar aos anos 70 e me trajar de forma meio hiponga (transcorria o primeiro quinquenio da década de 80). Sandálias franciscanas com meia, sapatos com frente normal e nada no calcanhar (diria que era um tamanquinho holandês), um sapato de couro em trancelim comprado em Brusque, permitiam que eu andasse com as meios secas (já, então, tinha adotado as meias de puro algodão, mais absorventes) e, pois, desfrutasse de mais conforto nos pés.
Mas a vida de um operador do Direito (eu voltaria a sê-lo com o final do Mestrado) não é compatível com trajes hipongas. Foi quando me indicaram o Seu Isac, em Itajaí (eu já morava em Florianópolis, na ocasião).
Desenvolvi um modelo de sapatos e os encomendei ao Seu Isac. Seu Isac sugeriu cumprimento tamanho 38 e altura 39. Ficou ótimo e confortabilíssimo: sola de couro (pois a borracha também era propícia à sudorese e, portanto, micoses); cabedal de couro, com furos em toda a sua extensão (os furos atravessam o couro, para permitir máxima ventilação) e palmilha de couro. O modelo ficou próximo do "Oxford" (para saber a nomenclatura dos sapatos, clique aqui), conforme se percebe na foto de um dos sapatos que aparece no começo desta postagem.
Encomendei vários exemplares, durante uns 10 anos. Até que um dia Seu Isac disse que não fabricaria mais os sapatos.
Como o produto é de boa qualidade, dura até hoje: já receberam meia-sola, pintura, graxa, enfim a devida manutenção. Mas um dia serão consumidos pelo uso. Por isso, ao longo dos últimos 10 anos tenho procurado nas lojas modelos de sapatos que se aproximem dos que tenho. Nada: é como se vivêssemos num país gelado, onde os sapatos masculinos devem ser fechados e sem ventilação. Mais: com solas de borracha, que nada transpiram.
Haveria mercado para este tipo de sapato que uso? Ou a indústria calçadista brasileira é insensível para o mercado? Ou é mais um daqueles produtos que nunca se encontra no mercado brasileiro, porque produtores e vendedores não prestam atenção às necessidades do consumidor?
concordo plenamente, também gostaria de comprar calçados que fossem apropriado ao nosso clima, e para pessoas com excesso de suor nos pés.
ResponderExcluirProcurando a mesma coisa
ResponderExcluir