sábado, 19 de setembro de 2009

Temis ou Diké

Temis me foi apresentada como Deusa da Justiça. Mas há quem diga que a Deusa da Justiça é Diké. Para saber se é Têmis, clique aqui e aqui para saber se é Diké.
Pois bem, isto me veio à cabeça por causa de uma formatura que fui hoje.
As formaturas têm se tornado mega-eventos. Custam na faixa de 55 mil reais, mas casamentos podem custar 20 mil, 70 mil reais e daí para frente.
Na verdade mega-eventos não são coisas de nossos dias. Petrônio, em Satiricon, conta uma festa de Trimálquio ou Trimalchão (conforme a tradução) que é verdadeiramente do arromba. E a festa se passava lá pelo ano 50 da nossa era, ou pouco antes.
Cervantes, em Don Quixote, narra um casamento de cair o queixo, tal o luxo e a extravagância. E a festa ocorre lá por volta de 1400.
Pois bem, na formatura colavam grau alunos de Administração e de Direito. Ao fundo, num quadro de sombras, havia um rapaz segurando o símbolo da Administração. Noutro quadro, à esquerda, a sombra de uma moça trajada tal qual Temis ou Diké.
Percebi, então, o quanto o símbolo da Justiça (usado também para o Direito) é mais carregado de significados, promessas e ameaças do que tantos outros. A balança significa que a justiça deve buscar o equilíbrio. Dado o equilíbrio pela Justiça, ele tem que ser aceito na marra, donde a espada. Mas a Justiça deve ser justa sem ver para quem está agindo, donde a venda nos olhos.
Não sei se a moça era mais criativa do que o rapaz, ou se com uma espada e uma balança se faz muito mais poses, trejeitos e gestos do que com um um símbolo do infinito esculpido dentro de um retângulo (este é o símbolo da Administração).
Mas insisto na quantidade de significados de Têmis ou Diké. Convenhamos, por exemplo, que é difícil alguém impor o equilíbrio na base do golpe ou da ameaça de golpe de espada, sem estar envolvido com o Estado ou sem ter o poder de aplicar o Direito. Logo, então, se vê que só tem condições de aplicar o Direito quem dispõe da força para fazer com que a aplicação funcione. Mas esta força tem que ser lícita, regular, formal. Tem que ser aceita. Não pode ser força pela força.
No mais, símbolo é o que une e diábolo o que desune (quem me chamou a atenção para isso foi o Paulo, meu sobrinho e afilhado). Não sei se ele já escreveu alguma coisa sobre isso.
Agora surgiu-me uma preocupação: vendo que está na moda colocar, em colações de grau, pessoas ostentando símbolos das respectivas profissões dos formandos, espero não ser convidado tão cedo para uma formatura de medicina, pois as duas cobras podem fugir para a platéia.

Um comentário:

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