Itajaí, 150 anos de fato, 352 de direito XXV
Passei anos da minha vida tentando entender porque Blumenau se diz com 162 anos de idade e Itajaí com 150, se Blumenau já pertenceu a Itajaí.
Depois de muito tempo, entendi: Blumenau conta sua existência pelo fato, Itajaí, pelo direito. Assim, Blumenau começa a contagem de sua existência a partir da chegada dos imigrantes alemães, em 1850. Itajaí conta seu tempo de existência a partir da Lei que a emancipou, em 1860. Se Blumenau fizesse a conta tomando a mesma referência que Itajaí, teria 130 anos de idade, pois sua emancipação de Itajaí foi em 1880; se Itajaí fizesse a conta tomando a mesma referência de Blumenau, teria 352 anos de idade, como se demonstrou em outras postagens.
Curiosamente, Blumenau, no passado, se gabava de cumprir a lei e dizia que os itajaienses não o faziam.
SEYFERTH (1) aponta a visão que imigrantes alemães tinham de si mesmos e dos luso-brasileiros, no início do século XX. Esta visão é feita a partir da análise de textos em jornais editados em alemão, na cidade de Blumenau. O mais radical destes jornais, segundo a autora, era o Urwaldsbote, surgido em 1893. De uma série de artigos intitulados Rassenfrage, publicados no Der Urwaldsbote, ano 8, nºs. 45, 47 e 48, de maio de 1901, as categorias teuto-brasileiro e luso-brasileiro são definíveis por oposição. O teuto-brasileiro é o bom cidadão, que trabalha pelo engrandecimento econômico do Brasil, honesto, próspero, que cumpre as leis, que desempenha suas obrigações políticas mas sem colocá-las acima do bem-estar econômico, que é fiel à pátria (representada pelo Estado) sem demagogia. (...) Quanto aos luso-brasileiros, são os maus cidadãos, na medida em que se preocupam em atacar os imigrantes estrangeiros e seus respectivos países em vez de pensar no progresso econômico do seu próprio país, burlam as leis em vez de cumpri-las e procuram sugar o Estado através da politicagem.
Notas:
1 - SEYFERTH, Giralda. Nacionalismo e identidade étnica. A ideologia germanista e o grupo teuto-brasileiro numa comunidade do Vale do Itajaí. Florianópolis, Fundação Catarinense de Cultura (FCC), 1981, pp 52-58.
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