Jerônimo, um conhecido meu, contou-me uma história de família interessante. Diz que sua tia, Almerinda, teve um namorado comunista. Isto ocorreu na década de 1950. Mas os pais de Almerinda eram muito católicos. Não sei como pensam os católicos brasileiros hoje, mas, aqui em Santa Catarina, os católicos que conheci na década de 1960 - os mesmos que viveram na década anterior - não entendiam coisa alguma de comunismo, só sabendo que os comunistas eram ateus. Não que tivessem certeza de que os comunistas eram ateus, apenas aceitavam a idéia que lhes era passada, sem qualquer questionamento.
Pois bem, os pais de Almerinda proibiram que ela namorasse com Melquíades (era este o nome do namorado comunista). Almerinda e Melquíades namoraram ainda um tempo, mesmo que escondidos dos pais dela. Depois, com o Golpe Militar, Melquíades foi preso e o namoro, já com dificuldades de prosseguir contra a pressão dos pais de Almerinda, foi definitivamente sepultado pela prisão.
Jerônimo conta que, mesmo Almerinda tendo casado com outro homem e Melquíades com outra mulher, ela - hoje com 71 anos - não esquece a frustração que lhe foi imposta, nem o namorado comunista.
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