segunda-feira, 7 de junho de 2010

ANGOLA A QUILUANJE


DIREITO E ESTADO ENTRE OS CENTRO-AFRICANOS 11


Segundo SILVA, o que é hoje Angola era um reino andongo, sendo estes um subgrupo dos ambundos. O título do soberano deste reino era Angola a quiluange ou Angola a kiluange. E o nome do reino era Dongo ou Andongo, ou Ndongo. Em 1556 o Manicongo – do qual o Angola a quiluange era vassalo – não suportou mais o que entendia ser abusos do soberano do Dongo, de modo que houve guerra entre Congo e Dongo. Os portugueses lutaram dos dois lados e, numa batalha às margens do Rio Dande, o exército do manicongo foi derrotado. O interesse dos portugueses em ter relações com o reino do Angola a quiluange era chegar por terra até Mo-çambique e, portanto, às minas do Monotapa. Assim foi criada, em 1571, a Capitania e Governança de Angola, calcada no sistema das capitanias hereditárias adotado no Brasil.
O angola nunca tinha certeza de com quem podia contar. Nem todos os chefes lhe mandavam a tempo as tropas que requisitava. Não possuindo exército permanente, só tinha por seguro dispor de soldados na estação seca, quando se interrompiam as labutas agrícolas. Era durante esses meses que tradicionalmente se empreendiam as campanhas militares, até porque as tropas, após a colheita, podiam sair de casa de farnel cheio e ir comendo dos celeiros de amigos e de inimigos, pelo caminho.
Sem cavalos, as guerras na África não seguiam a mesma lógica da Europa, pois não era viável uma perseguição rápida e efetiva. Por isso, um exército que se considerasse derrotado podia fugir em desordem do campo de batalha, reunir-se de novo, dias depois, e voltar a atacar, com novo ânimo e determinação.
Os europeus que iam para a África, por seu turno, morriam mais de doenças do que por causa da guerra: Dos 1700 europeus falecidos em Angola de 1575 a 1591, só 400 perderam a vida na guerra; os demais se foram de maleita e outras febres.
Já no século XVI era grande o número de escravos exportados por Luanda: 52.053 entre 1575 e 1591, sem incluir os que não eram declarados para não pagar os impostos devidos, nem os contrabandeados. Calcula-se que, entre 1576 e 1600, 5.600 pessoas deixavam a África atlântica por ano, na condição de escravas.

A foto acima é de uma tapeçaria de Celeste Brandão Pirajá.

Notas:
SILVA, Alberto da Costa e. A Manilha e o Libambo. Rio de Janeiro, Ed. Nova Franteira/Fundação Biblioteca Nacional, 2002, pp. 380, 381, 387, 387, 408, 410, 411, 413, 415, 416.

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