RAÍZES JURÍDICO-POLÍTICAS CENTRO-AFRICANAS 9
O reino do Ndongo fora vassalo do Congo, apesar de também haver informação de que, no século XVII, o Ndongo ser um estado independente e poderoso (1). O Ndongo e Matamba ficavam ao sul e sudeste do Congo e neles habitavam ambundos (2) e jagas, os quais pagavam tributos ao rei congolês e reconheciam sua soberania, mesmo que formalmente (3). No século XVII, Portugal enfrentou resistência liderada por Nzinga Mbandi, então rainha ou Ngola (4) do Ndongo. O nome Angola se devia ao fato de que o soberano do reino de Ndongo tinha o título de Ngola. O Ngola possuía centenas de mulheres e o matrimônio mais comum na África pré-colonial subsaariana era a poliginia (5). Os ngola eram considerados sagrados, com poderes sobre a chuva, estando-lhes outorgada a função de lançarem as primeiras sementes na terra (6).
Na foto acima, tirada em 1995, apresentação folclórica na Bahia.
Notas:
1 - PANTOJA, Selma. NZINGA MBANDI – MULHER, GUERRA E ESCRAVIDÃO. Brasília, Thesaurus, 2000, p. 131.
2 - Bacongo era o habitante do Congo; ovimbundo, o de Benguela e ambundo, o de Angola (SOUZA, Marina de Mello e. Reis Negros No Brasil Escravista. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2002, p. 143).
3 - SOUZA, obra citada , p. 99.
4 - KI-ZERBO, História da África Negra. Tradução de Américo de Carvalho. Mem Martins (Portugal), Publicações Europa-América, 3ª Edição, 1999, pp. 423-426. Em 1617, o governador Português de Luanda declarou guerra ao Ndongo (PANTOJA, obra citada, p. 95).
5 - PANTOJA, obra citada, pp. 65 e 82. Mesmo porque a demanda por mulheres na escravidão africana foi sempre maior do que na escravidão Atlântica, inclusive no Brasil (obra citada, pp. 33 e 83). Numa relação de cativos que saíram do Rio de Janeiro para outras províncias, de um total de 19.134, havia anotação do sexo em 2.249. Nestes casos, a proporção era de três homens para cada mulher (FLORENTINO, Manolo. Em Costas Negras – Uma história do tráfico de escravos entre a África e o Rio de Janeiro. São Paulo, Companhia das Letras, 1997, pp. 58-59).
6 - PARREIRA, Adriano. ECONOMIA E SOCIEDADE EM ANGOLA Na Época da Rainha Jinga Século XVII.Lisboa, Editorial Estampa, 1997, p. 175.
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