RAÍZES JURÍDICO-POLÍTICAS CENTRO-AFRICANAS 8
Os jagas invadiram o Congo por volta de 1568. Destes jagas se diz muita coisa: uma horda feroz, nômade, antropófaga, destruidora, que vivia da guerra e do saque, como relatou Filipo Pigafetta citado por SILVA. Mas, pondera o mesmo SILVA, talvez os próprios jagas difundissem uma imagem cruel de si mesmos, que não correspondesse à realidade (como faziam os manes da Serra Leoa, os galas da Etiópia e os zimbas de Moçambique). É possível que a organização social dos jagas tenha surgido das sociedades secretas de caçadores ou dos acampamentos de iniciação de jovens, entre camaradas que se sentiam mais ligados uns aos outros por aqueles ritos, e pelos juramentos de sangue que então faziam, do que às respectivas estirpes...
“Jaga", em quicongo antigo, significava o "outro", o "estrangeiro", o "bárbaro" e, mais tarde, já no século XVII, também "bandido". Os jagas podem se ter formado para escapar de razias e sequestros. “De pasto das razias angicas e congas, eles passaram a dedicar-se a capturar gente para o manicongo ou o "macoco".
No período da invasão dos jagas, os congueses se viram forçados a trocar por comida seus escravos, seus dependentes e até familiares. Mesmo filhos de nobres foram escravizados. Mas, em 1571, os jagas foram expulsos do Congo e recuaram até o médio Cuango, onde se instalaram, dando origem aos iacas.
Expulsos os jagas, o tráfico de escravos voltou a prosperar.
As fotos acima são de artesanato de provável origem queniana.
Notas:
SILVA, Alberto da Costa e. A Manilha e o Libambo. Rio de Janeiro, Ed. Nova Franteira/Fundação Biblioteca Nacional, 2002, pp. 390, 391, 392.
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