quinta-feira, 10 de junho de 2010

MOÇAMBIQUE




DIREITO E ESTADO ENTRE OS CENTRO-AFRICANOS 14


No que hoje é Moçambique, havia o reino Monomotapa, organizado segundo o modelo habitual de monarquia africana, cuja fundação se deu no século XV. A integridade física do rei era condição de prosperidade do país, havendo, pois, o regicídio sagrado (1). Já em Nsanje, que é uma região africana fronteiriça com Moçambique, existiu Mbona, um célebre fazedor de chuva, que passou a ser cultuado. Acredita-se que o médium do grupo encarna o próprio Mbona, cujas ordens podem deitar por terra quaisquer decisões dos chefes responsáveis (2). Em Moçambique havia também o império marave, em que predominava a etnia Njanja, que se expandiu nos fins do século XVI e começo do século XVII. Os chefes detinham o uso exclusivo de certas peles e recebiam um imposto chamado cha moto (pelo fogo). Os povos Njanja e Yao se subdividiram em pequenos estados nos fins do século XIX. Um destes era o Estado chefiado por Mataka, apoiado por vários chefes membros de clã ou por chefes nomeados (jumbe). Ainda no século XIX, havia também em Moçambique o reino dos Hehe (3).
A foto acima, no centro, é um artesanato comprado na Bahia/Brasil e reproduz uma baiana com seu tabuleiro. As fotos laterais são de um artesanato moçambicano, comprado pelo correio.

Notas:
1 - KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra. Tradução de Américo de Carvalho. Mem Martins (Portugal), Publicações Europa-América, 3ª Edição, 1999, p. 240 e MARTINS, José Soares e MEDEIROS, Eduardo da Conceição Medeiros. A história de Moçambique antes de 1890: apontamentos bibliográficos sobre os resultados de investigação entre 1960 e 1980. Em REVISTA INTERNACIONAL DE ESTUDOS AFRICANOS, Lisboa, Editora Jill R. Dias, nº 1, janeiro/junho 1984, p. 205.
2 - SCHOFFELEERS, Matthew. “Hoje em dia eles cospem em Jesus!” a polarização de uma zona rural africana. Em REVISTA INTERNACIONAL DE ESTUDOS AFRICANOS, obra citada, pp. 95-96, 103-104.
3 - LIESEGANG, Gerhard. Guerras, terras e tipos de povoações: sobre uma “Tradição Urbanística” do Norte de Moçambique no século XIX. Em REVISTA INTERNACIONAL DE ESTUDOS AFRICANOS, obra citada, pp. 170-172.

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