Até 1985, a Festa de Azambuja, em homenagem a N. Sra. do Caravaggio, era feita dia 15 de agosto. Hoje é no terceiro domingo de agosto.
Deve ter ido uma ou duas vezes a esta festa, na década de 60. Havia uma multidão de peregrinos, que faziam filas imensas para chegar na gruta. O marco da chegada para Azambuja era uma casa que imitava as colunas do Palácio da Alvorada.
Comia-se churrasco na tábua, com um pão muito macio, que parecia feito por anjos. Nunca mais vi este pão. Como era criança, algumas coisas que seriam vistas pela primeira vez na vida, muito me marcaram. Uma mulher muito pobre pediu os restos de comida que deixamos na tabuinha. Perguntei para meu pai se ela não tinha nojo, e foi aí que ele me fez saber que a fome tira o nojo.
Quando entrávamos no carro para vir embora, minha mãe contou-me outra história que muito me impressionou: uma mulher com quem ela entabulara conversação, dissera-lhe que certo homem havia feito uma promessa para que sua filha, ainda criança, ficasse curada de uma doença. A cura veio e a promessa era dar banho na menina com a água que saía da fonte da gruta, dentro da própria gruta (que fica ao lado do santuário). Mas quando do pagamento da promessa, a menina já tinha 14 anos. A menina pediu para ficar pelo menos de calcinha, ao que o pai retrucou que promessa era promessa. E, em plena festa, na frente da multidão, banhou a mocinha, que ficara totalmente sem roupa. Isto, se aconteceu, foi em fins da década de 1950 ou começos da de 1960.
Nunca soube se o fato acontecera de verdade ou era mais uma destas coisas que se contam para fazer conversa fiada. Mas, hoje, passados mais de 40 anos, o fato que vi e a história que ouvi ainda estão nítidos na minha cabeça.
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