domingo, 16 de maio de 2010

O PODER E AS REGRAS OBRIGATÓRIAS ENTRE OS ÍNDIOS 10



Sem lei e sem rei

foto artesanato
Na Carta de Pero Vaz de Caminha se percebe que alguma noção de propriedade havia entre os índios encontrados pela expedição de Cabral: um índio pediu aos portugueses as contas de um rosário e depois as de-volveu; um dos degredados que vieram com Cabral foi à terra com uma bacia pequena e duas ou três carapuças, as quais os índios não tomaram; o mesmo degredado (chamado Afonso Ribeiro) foi novamente à terra e nada lhe tomaram (mesmo tendo um índio fugido com umas continhas amarelas que o degredado levava, outros índios lhas tomaram de volta e as devolveram a Afonso). Mas a existência de relações políticas entre os índios, de propriedade e justiça foi muito tempo orientada pelo que escreveu Américo Vespúcio, em carta dirigida a Lourenço dei Médici, em 1502:
Não têm lei nem fé alguma. Vivem segundo a natureza. (...) Não possuem entre si bens pró-prios, porque tudo é comum. Não têm fronteiras de reinos ou província; não tem rei, nem obedecem a ninguém: cada um é senhor de si. Não administram justiça, que não é necessária para eles, porque neles não reina a cobiça.

Em outro documento histórico (certidão de Valentim Fernandes), percebe-se que a proibição de incesto entre os índios valia somente para pais com filhas, mães com filhos, irmãos com irmãs. Em carta de Américo Vespúcio, de 1503, é negada tal proibição de incesto entre os índios.
Damião de Góis informa que os índios por nenhum delito fazem justiça, senão por homicídio. A justiça pelo homicídio se fazia do seguinte modo:
Os parentes do homicida o hão de entregar aos parentes do morto, os quais o afogam e enterram, presentes uns e outros, com muitos prantos e choros, comendo e bebendo por muitos dias. E assim ficam amigos; se, por acaso, o homicida foge, e se não pode fazer entrega dele aos parentes do morto, então lhes dão as filhas e irmãos do homicida; ou, se as não têm, as parentas mais chegadas, por cativas dos parentes mais chegados do morto. E assim ficam amigos.

As fotos acima são de uma apresentação de um resumo do Festival de Parintis, apresentação esta ocorrida em Manaus, em 2001.

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