terça-feira, 18 de maio de 2010

RAÍZES JURÍDICO-POLÍTICAS CENTRO-AFRICANAS 2


O reino sosso do Kaniaga sucedeu ao Gana. Situava-se na mesma região e evoluiu de 1076 a 1180 sob a direção de soninkés animistas: os Diarissos. Segue-lhe, também na mesma região, o Império do Mali, também chamado Mandinga (1). Hoje, no mesmo local, há o país denominado Mali (veja o mapa aqui). O rei era apenas o porta-voz do grande conselho (formado pelos clãs), que decidia sobre a guerra e os impostos. Os impostos consistiam em dias de trabalho nas terras do chefe e gêneros agrícolas para as festas da coletividade, sendo as multas decorrentes de sentenças prolatadas pelo rei satisfeitas de igual maneira. Estas sentenças eram dadas após o próprio rei examinar as queixas de seus súditos, já que o soberano era, antes de tudo, um dispensador de justiça. O declínio do Mali ocorreu por volta de 1490, tendo seu imperador pedido auxílio para Portugal, o que foi em vão. No reino do Mali era comum escravos libertos ocuparem postos de confiança muito elevados. Havia no reino do Mali quatrocentas cida-des e vilas, já que o reino estava dividido em províncias (2).
Os portugueses chegaram na costa africana por volta de 1442 e do ano de 1445 datam as primeiras compras de escravos. Nestas negociações, os portugueses conheceram os reinos Jalofo e Serere. Jalofo tinha as províncias Ualo, Caior, Baol e Sine. Jalofos e sereres tinham estruturas sociais altamente hierarquizadas. E tinham escravos.
O Mali tinha como rei o mandimansa. Mansa era um dos vários reis e mandimansa era o rei dos reis. A decadência do Mali começou já em 1433 e foi se acentuando ao longo dos cem anos que se seguiram. O Mali tinha um forte comércio com Portugal. Mesmo decadente, o reino do Mali ainda dominou o comércio de escravos por muito tempo (3).
Na foto acima, de 1995, box do Mercado Modelo, em Salvador/BA, onde estão expostos para venda vários instrumentos musicais de origem africana. Há também imagens de santos, representando o sincretismo religioso (símbolos de uma religião servirem para outra: santo católico/nkise africano).

Notas:
1 – KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra. Tradução de Américo de Carvalho. Mem Martins (Portugal), Publicações Europa-América, 3ª Edição, 1999, pp. 136-138; 163-164.
2 - KI-ZERBO, obra citada, p. 165, 174, 177, 178.
3 - SILVA, Alberto da Costa e. A Manilha e o Libambo. Rio de Janeiro, Ed. Nova Franteira/Fundação Biblioteca Nacional, 2002, pp. 157, 159, 160, 161, 168, 174 e 288)

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