sábado, 22 de maio de 2010

Quindim e Ovos Moles




Penso que se fôssemos um dia fazer um ritual celebrando nossas raízes africanas e portuguesas, um doce símbolo seria o quindim. O quindim - li isso na Dona Fausta do Diarinho - é o doce "ovos moles" de Portugal, com o côco da África. A palavra "quindim" teria vindo do quicongo "kénde", grande pudim de mandioca ou milho fresco; ou do bacongo de Angola, em que "dikende" é uma pasta de milho fresco que depois de enrolada em folhas de bananeira é assada ou cozida. Se "quindim" vem de "kénde", então temos uma união do português, do negro e do índio, pois a mandioca foi desenvolvida pelo índio e exportada para a África.
Estas hipóteses sobre a origem da palavra "quindim"estão no Novo Dicionário Banto do Brasil, de Nei Lopes (Rio, Ed. Pallas, 2003, p. 188).
A foto da direita, acima, é da cidade de Aveiro, em Portugal, considerada a "capital" dos ovos moles. E a foto da esquerda é de um quindim. Na foto de baixo, se vê um pedaço de quindim e clicando aqui e aqui se pode ver fotos de "ovos moles". Os "ovos moles", por serem mais pastosos do que o quindim, são vendidos em Aveiro dentro de casquinhas feitas de trigo e água (a massa tem a mesma consistência, cor e aparência das hóstias usadas na igreja católica), com formas de conchas e caramujos. O sabor do doce "ovos moles" tem um pronunciado gosto de gema, gosto este que não é tão forte no quindim. Não sei o que os portugueses pensam do sabor do quindim (sei que apreciam muito os ovos moles), mas prefiro o quindim aos ovos moles. Talvez porque o nosso açúcar é de cana, aparentemente mais doce do que o de beterraba.

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