sexta-feira, 2 de abril de 2010

A Procissão do Senhor Morto



Após a descida da Cruz e a colocação da imagem no Esquife, a imagem do Senhor Morto era conduzida em procissão pelas ruas da cidade. O esquife ia sob um pálio e este pálio era levado pelos Irmãos da Irmandade do Senhor dos Passos. O esquife era conduzido por quatro homens vestidos de branco, com um capuz na cabeça. Eram sempre os mesmos, todos os anos e a entrega da roupa significava a desistência da função. Um ano ou dois tive esta função. Antes da procissão, os outros três tiraram suas carteiras de dinheiro do bolso e as colocaram sob o travesseiro da imagem. Terminada a procissão retomaram suas carteiras. Supus que reivindicavam a Jesus um pagamento pela tarefa...

Iam na procissão em destaque os Irmãos com suas opas roxas, as Zeladoras do Apostolado da Oração, as filhas de Maria, os coroinhas (uns levavam matracas), os jovens que encenaram a descida da cruz e as Maria Beús. As Beús eram mulheres que se vestiam de preto e tinham um canto próprio que se seguia ao da Verônica (representavam as carpideiras, creio eu). Numa das fotos acima elas aparecem: de preto, com uma coroa prateada.

Uma multidão acompanhava esta procissão. Meu pai dizia que o grande afluxo de pessoas é porque, de noite, perdiam o “respeito humano”, expressão que ele usava para mitigar o impacto da palavra “vergonha”.

Terminada a procissão, a imagem era colocada num sepulcro iluminado com luz vermelha. Este sepulcro era uma imitação de gruta, que ficava debaixo do calvário de madeira.


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