sexta-feira, 2 de abril de 2010

Descida da Cruz






Por volta das 19h30min se iniciava a encenação da descida da Cruz. Os atores subiam o calvário. A Madalena (que era regra tivesse os cabelos compridos) colocava as duas mãos sobre os pés da imagem e inclinava a cabeça, como que os beijando. Em seguida, dois homens subiam por duas escadas que ficavam atrás da cruz (uma tábua entre as duas formava um andaime), passavam um pano por baixo do braço da imagem do Senhor Morto, que serviria para desce-lo da cruz e desatarraxavam os cravos (a cabeça dos cravos era em forma de octaedro e a outra ponta era rosqueada, presa por uma porca). Colocavam os braços da imagem para baixo (os braços eram móveis) e iniciavam a descida. Os cravos eram entregues a São João Evangelista. A imagem era colocada nos braços de Nossa Senhora, formando a “Pietá”. A Verônica cantava, abrindo seu pano com o rosto de Jesus (pintado por meu tio, Dide Brandão). Depois, descia-se o Calvário e colocava-se a imagem no esquife, seguindo-se a procissão. Esta encenação da descida da Cruz foi iniciada em Itajaí, por meu avô, em 1924. Em 1930 meu avô morreu. Em 1950 meu pai assumiu os trabalhos de direção da encenação. Depois de 1967, a descida da cruz passou a ser encenada no altar da Igreja. Depois da morte de meu pai, em 1978, continuei fazendo a encenação até sair de Itajaí, em 1984. Não sei mais o que aconteceu depois.

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