sábado, 4 de novembro de 2023

João (Joca) e Alcino


 Fiz um vídeo a respeito das atividades de João Marques Brandão (Joca) - meu avô; e Alcino Marques Silveira Brandão - meu pai, nas procissões e encenações sacras em Itajaí, nas décadas de 1920, 1950, 1960 e 1970. Também faço uma breve notícia sobre as encenações sacras que fiz, em continuidades às de meu pai, entre 1978 e 1984. 

JOÃO & ALCINO CATÓLICOS

Da bruxaria para a feitiçaria

 Aqui não temos bruxas, mas sim feiticeiros e feiticeiras. A origem da palavra "feitiço" é africana, conforme nota de rodapé de Cândido Mendes de Almeida, nas Ordenações Filipinas - Livro 4, título 88, item 7 (o texto é de 1870):

"Nenhum lexicógrafo português dá a origem desta expressão, à exceção de Constancio, pois não supomos vir do Francês – fetiche, nem do Inglês – Fetich, por quanto conforme Bescherelle, Poitevin, Webster, e outros lexicógrafos, tanto a expressão Inglesa, como a Francesa vem da Portuguesa – Feitiço.

  Constancio diz que a palavra feitiço, vem de feito e isso, por não ter examinado melhor a questão.

  A expressão é Africana, e vem do termo – Mokisso, ídolo de Guiné, que os Portugueses por corrupção pronunciaram – fetisso e depois feitiço.

  E como as cerimônias desse ídolo se parecerão com os sortilégios dos antigos Mágicos, ou encantadores, eles ao revés foram aplicando aos últimos o nome de feiticeiros, que se generalizou em Portugal, já na época da Legislação Afonsina na Ord. do liv. 4 t. 98 § 7.

A melhor prova dessa etimologia está na palavra Moquisia também de origem Africana, que segundo Moraes significa, virtude oculta, que influi no bem e no mal e serve de descobrir os futuros, segundo a credulidade daquelas gentes.

  Os povos da Guine e os Portugueses descobriram que tinham duas divindades, uma denominada Mokisse, que tinha por sacerdotes (ganga) uma velha, a semelhança da Pythia da Grécia, dando seus oráculos em subterrâneos, como outrora, fazia trophonio.

Além desta divindade havia outra denominada Checoke, e hoje mais conhecida por Wodu ou Iseque cuja residência ou Capela era quase sempre a beira das estradas. Sua imagem além de pequena era negra, e somente de noite podiam contemplá-la os devotos, solenidade que de ordinário era seguida de transportes e de êxtases de algumas horas. Este fato ainda se repete entre nós nas casas denominadas de fortuna, onde se congregam os devotos e iniciados nascem mistérios (...).

  Consulte-se Picart. – História das Religiões e Costumes de todos os povos do Globo.

  Como os povos Africanos, no culto prestado a estas e outras Divindades, serviam-se também de objetos animados como serpentes, bodes, rãs, etc, ou inominados como árvores, pedras, etc., chamou-se culto de Feiticismo (...).

  Moraes chama Feitiço as drogas preparadas por arte mágica para fazer criar amor ou ódio, etc.

  É o equivalente do que ele também chama Moquisia.

  E Feiticeiros os homens ou mulheres, que se empregam na fabrica de feitiços, usando das ervas venenosas, e outras drogas, etc.

  Também significa encantador, ou fascinado de outras eras, e ainda hoje sob o titulo de magnetizadores, espirituais, etc., podem encapitular os indivíduos que se empregam nessas praticas.

  Nas nações Bárbaras este oficio anda sempre anexo ao de medico ou curandeiro, e adivinhador, etc."