No dia da Procissão do Encontro, acordávamos cedo e meu pai ia à missa na Igreja da Vila, me levando junto. Era a missa da Irmandade do Senhor dos Passos, celebrada na presença da imagem. Terminada a missa, íamos para a Igreja da Imaculada Conceição (igreja velha) arrumar o andar de Nossa Senhora. Dona Áurea já estava nos esperando (Dona Rosinha, por ser domingo, também estava lá). A imagem de Nossa Senhora era tirada do nicho em que ficava durante o ano e suas roupas eram arrumadas. Era comum pessoas doarem roupas novas para o Senhor dos Passos e para Nossa Senhora, a fim de agradecer graças recebidas. O andor era tirado do compartimento em que ficava guardado (uma sala dentro da igreja, que tinha tanque, torneira, vasos de flor vazios, chão de cimento, um depósito, enfim). Mas não havia banheiro; só mais tarde foi feito um. Era um andor de madeira, forrado de pano, dispondo-se o pano em forma de pedras. Era a mesma temática do andor do Senhor dos Passos, já que forrado pela mesma pessoa: meu pai, Alcino.
A imagem era colocada sobre o andor e fixada com travas de ferro. Terminada a tarefa, todos iam para casa almoçar.
À tarde, por volta das 16 horas, íamos para a Igreja Velha nos preparar para a Procissão do Encontro. Sempre acompanhávamos a Nossa Senhora, pois morávamos ali perto. 17 horas começava a Procissão, que seguia pela rua Hercílio Luz. Havia crianças e adultos que se vestiam como Nossa Senhora ou Senhor dos Passos (meninas e mulheres de Nossa Senhora e meninos e homens de Senhor dos Passos).
Os membros da irmandade iam de Opa, que era uma espécie de manto.
Havia uma certa segmentação das pessoas: homens da Irmandade, com suas Opas roxas; mulheres do Apostolado da Oração, de preto e branco, com uma fita vermelha no pescoço; coroinhas e as filhas de Maria. As Filhas de Maria era uma espécie de irmandade, ou grupo de oração. Ouvi dizer que só admitia mulheres virgens. Não sei se era verdade ou não.
Assim seguiam as duas procissões, uma vindo pela Rua Hercílio Luz, outra ora pela Rua Brusque, ora pela Rua Tijucas, ora pela Rua Anita Garibaldo, conforme o ano. E se encontravam na frente da Igreja Matriz, onde havia um bonito sermão. A procissão ocorre ainda hoje, mas não com tanta gente como em Florianópolis.
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