quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Zara

Joca, na sua adolescência, visitava muito sua irmã Lara. Lara tinha três filhas, uma com quinze, outra com doze e, finalmente, a terceira com nove anos. Nunca tinham tido cachorros. Mas Sara, a mais velha (ou teria sido Verônica, a mais nova?) pediu para Matoso (o pai delas) um cachorro. Matoso comprou uma cadela e Joca sugeriu que lhe chamassem Zaratustra, ou melhor, Zaratustra de Arás (que era Sara de trás pra frente). Ficou Zara. Zara era da raça boxer e Joca, que tinha muito medo de cachorro, acabou se apegando a Zara, como aconteceu com sua irmã, cunhado e sobrinhas. Um dia a família foi viajar e pediram para Joca cuidar de Zara. Joca ficou com Zara, mas, na hora de colocá-la no canil, a cadela resistiu e ameaçou morder Joca. A coragem adquirida a duras penas foi embora, e Joca largou Zara no chão. Zara ganiu, ficou meio largada, meio zonza.
Joca andava de olho em Lilica. Lilica era muito calada e gostava de cachorros. Joca aproveitou e telefonou para Lilica pedindo conselhos. Lilica disse que não havia problema, que a cadela só estava assustada. Dito e feito: a cadela saiu ilesa da queda (ainda era uma cadelinha, na verdade).
Depois Joca saiu algumas vezes com Lilica, mas nunca foi além de conversas. Lilica nunca casou e Joca casou duas vezes.
Anos depois, Zara já era adulta (nunca cresceu muito) e a casa de Lara estava sendo frequentada por ratos. Lara colocou estricnina num queijo, mas quem comeu o queijo foi Zara, que morreu durinha, horas depois.
Joca fez o enterro de Zara: colocou-a no bagageiro de um fusca e a atirou numa ribanceira, longe do centro da cidade.
Morta Zara, seu Matoso comprou Apolo.

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